LEVEE apoia a conferência “The Future of Work” que discutiu os efeitos da IA e da automação na economia
Embora tenha a economia mais poderosa da América Latina, hoje o Brasil tem 12,3% de sua força de trabalho desempregada. São mais de 13 milhões de pessoas trabalhando menos do que poderiam, ou do que gostariam. Na faixa etária de 18 a 24 anos, o índice de desemprego dobra em relação ao percentual geral, atingindo 25%, sendo que as principais habilidades exigidas pelos empregadores no momento de contratar este público estão relacionadas a novas tecnologias (processos de mineração de dados, análise estatística, Big Data, analytics, etc.).
Estes foram alguns dos motivos que levaram a MIT Sloan Latin America, entidade de ensino superior pertencente ao MIT – Massachusetts Institute of Technology, a escolher o Brasil para sediar a conferência “The Future Of Work”, que discutiu os efeitos da inteligência artificial e da automação em uma economia em transição.
A conferência, promovida na quinta-feira, 29 de agosto, no Instituto Tomie Ohtake em parceria com a consultoria PageGroup, contou com o patrocínio da LEVEE.
Destaque para a apresentação do representante do Escritório do MIT Sloan para a América Latina, Gustavo Pierini. O palestrante tratou do paradoxo de homens e robôs exercendo papéis complementares, traçando um panorama da história dos mercados de trabalho no mundo. Também para Pierini, os seres humanos tendem a encarar qualquer novidade tecnológica sob um viés apocalíptico. Porém, o executivo compreende, que a grande maioria dos temores relacionados à chegada da inteligência artificial e novas tecnologias não se sustentam na prática.
“Elas perdem espaço para uma visão mais real destas evoluções, de humanos e máquinas potencializando mutuamente as respectivas forças de trabalho”, cravou.
Pierini reforçou ainda que a humanidade está presenciando uma intensa criação de empregos, mas não está ocorrendo inflação de salários em nível agregado, pelo menos na magnitude esperada.
“A destruição de empregos está acontecendo nas médias rendas , em manufatura e finanças. Estamos vendo um esvaziamento do segmento de média renda”, apontou.
O representante do Escritório do MIT Sloan para a América Latina explicou também que para a Inteligência Artificial as coisas difíceis são fáceis e as fáceis são difíceis. Seu ponto de vista está baseado no Paradoxo de Moravec.
As pessoas, de uma forma geral, têm dificuldade em resolver problemas que exigem alto nível de raciocínio. Por outro lado, as funções motoras básicas e sensoriais não costumam ser um problema. Nos computadores, no entanto, os papéis são invertidos. É muito fácil para os computadores processarem problemas lógicos. Esta diferença entre a Inteligência Natural e Artificial é o que demonstra o Paradoxo citado pelo palestrante.
“A Inteligência Artificial é muito boa em padrões simples e em repetição de algoritmos e funções. Entretanto trabalhos que requerem entendimento emocional e empatia não conseguem ser realizados por nenhum tipo de robô”, desafiou.
Para Pierini, um ser humano só pode ser substituído por um robô se a intenção for aumentar a produtividade, caso contrário não faria sentido.
“Aqueles seres humanos que foram substituídos por máquinas podem ser direcionados para satisfazerem novos desejos, criando novas ofertas de produtos e serviços”, provocou.
Painéis
Inteligência Artificial e Machine Learning
Gary Gensler
Gary Gensler, professor de Administração e Economia Global Prática da Faculdade de Administração do MIT Sloan, traçou um cenário do segmento financeiro no Brasil, caracterizado pela alta concentração, forte presença de players domésticos e públicos e pelo crédito caro e ainda restrito. Ele destacou que enquanto 30% dos brasileiros ainda são desbancarizados, 85% deles contam com telefones móveis.
“Claramente, temos aqui boas oportunidades para fintechs”, afirmou Gensler, contextualizando que, globalmente, as fintechs se desenvolveram a partir de um terreno fértil, com a desmaterialização do dinheiro, dos seguros e do crédito; a ampliação exponencial dos dados sobre os consumidores; a rápida ampliação da capacidade computacional e de análise; a aceitação do público às novas tecnologias; e a integração com os sistemas legados, entre outros.
Para Gensler, as fintechs são influenciadas por uma série de tecnologia, entre as quais Inteligência Artificial e Machine Learning, Blockchain, Cloud, APIs e Open Banking, Biometria, Chatbots e Mobile.
“Podemos afirmar de forma simplista que IA e ML são sistemas que atuam no reconhecimento de padrões e para isso devemos ter bons dados e boas perguntas. Se você tem dados de qualidade e faz as perguntas corretas, isso vale ouro”,
destacou o especialista do MIT, lembrando que o uso de dados traz uma série de questões que devem ser levadas em conta em relação a preconceito, inclusão, valores, transparência, privacidade e emprego, por exemplo.
Mercado de Trabalho
Jacob Rosenbloom
Para o CEO da empresa, Jacob Rosenbloom, o evento levantou debates e questões importantes de acordo com os pilares da LEVEE, e aponta para um futuro com mais oportunidades de trabalho.
“Cada vez mais as novas tecnologias baseadas em inteligência artificial e machine learning colaboram para que as empresas consigam contratar de maneira muito mais assertiva, diminuindo os índices de desemprego, à medida que norteiam o empregador na busca de um colaborador nos moldes exatos aos que procuram, dando a este profissional – que estava escanteado na economia – a possibilidade de exercer uma atividade onde de fato faz a diferença”, comenta.
Para Rosenbloom, um indicativo importante neste sentido, citado em uma das palestras foi o paradoxo de Moravec que descreve a facilidade que os computadores têm para realizar tarefas inacessíveis a humanos, como resolver equações matemáticas da maior complexidade e, ao mesmo tempo, a absurda dificuldade de se ensinar para robôs como executar ações ligadas à compreensão de linguagem natural, ou a atividades motoras básicas, simples, intuitivas e automáticas para qualquer ser humano.
“Este tipo de análise é a que mais nos agrada, pois prova que, mesmo na era mais avançada do ponto de vista tecnológico, humanos não serão substituídos e sim continuarão tendo papel estratégico para tarefas mais analíticas, interpretativas e sensoriais. Esta ideia de homens e robôs exercendo papéis complementares é a mais pertinente à evolução que estamos presenciando”, acrescenta
Melissa Nobles
Melissa Nobles, cientista política, professora do MIT (Massachusetts Institute of Technology) e especialista no estudo dos impactos de novas tecnologias, listou alguns dos caminhos que enxerga como os mais importantes a serem seguidos pelo ensino superior e pela indústria.
Ezequiel Zylberberg
Já Ezequiel Zylberberg, professor pesquisador do Industrial Performance Center (https://ipc.mit.edu/), ministrou uma palestra baseada nas conclusões de um projeto de pesquisa chamado “Innovation in Brazil: Advancing Development in the 21st Century”, estudo que levou cinco anos para ficar pronto, realizado pelo Industrial Performance Center com o patrocínio do SENAI. O projeto defende uma agenda de inovação arrojada e voltada para o futuro, destinada a enfrentar desafios persistentes e a explorar oportunidades emergentes para promover o desenvolvimento no Brasil.
Também participaram dos painéis, ainda, outros atores políticos importantes de vários países, assim como executivos de grandes empresas, como Ilan Goldfajn, ex-presidente do Banco Central; André Turquetto, diretor de Marketing e Produtos da Alelo; Robert Rigobon, professor de Gestão da Sociedade Sloan Fellows e professor de Economia Aplicada do MIT Sloan; Gijs van Delft, CEO da PageGroup Brazil; Javier López, Sócio e Head de Tecnologia e Transformação Digital da Everis e Jason Jackson, professor assistente de Economia Política e Planejamento Urbano do MIT.
Confira o vídeo completo da Conferência “The Future of Work” CLICANDO AQUI